Quando a Teresa nasceu, pouco tempo depois comecei a ouvir falar de uma Dra., que era um "espectáculo" com os miúdos, mas que todos tremiam ao ouvir falar no seu nome.
Lembro-me de ouvir dizer que o sossego estava a acabar, porque a Dra. Ofélia estava a chegar de férias.
Quando a via pela primeira vez a entrar na Unidade, qual "furacão", a perguntar pelos "seus meninos" tremi.
Cedo comecei a admirá-la, não sou pelo empenho e carinho que tinha pela minha Teresinha, mas por ver que nada detia a sua vontade.
Lembro-me da única vez que teve de me chamar à razão.
Começou por me dizer, como se fosse a coisa mais natural do Mundo para uma mãe, que a minha filha se calhar teria de fazer uma traqueostomia, pôr um botão e eu entrei em pânico.
Teve de me pôr na linha e acalmar.
Lembro-me de a Teresa já não estar na Unidade e ter uma reacção alérgica ao glúten e eu pedir a juda à Dra. Ofélia que correu para o Piso 8, Cirurgia, e pôs toda a gente a mexer. Não que naquele serviço não estivessem a tratar bem da Teresa, mas eu sabia que a Dra. Ofélia resolveria tudo num instante.
Sei também que por vezes tinha de se refrear nos cuidados aos "seus meninos", depois destes sairem da Unidade, porque era uma Pessoa que pela sua persistência e querer não via os seus intentos serem bem interpretados.
Sinto falta de lhe ligar, de dizer como está a Teresa, de lhe pedir um conselho, mas sobretudo da pessoa extraordinária que a Dra. Ofélia era.
A Teresa esteve muito tempo internada na Unidade, até ser transferida para o Serviço de Cirurgia Pediátrica, Piso 8, e a Dra. Ofélia fazia questão de a estimular muito. Dizia-me para lhe arranjar argolas, para que ela começasse a transferir objectos, mas não podiam ser umas argolas quaisquer, tinham de ser umas com determinado espessura, que era para a Teresa poder aprender. Assim que acabava de me falar das argolas lá ia eu ao Colombo à procura das argolas e, de tudo o que a Dra. Ofélia me dissesse que fazia bem à minha menina.
Só assim a Teresa tem a força que tem, a garra, a genica, o espírito.
Se a pudesse ver agora Dra. Ofélia não larga a chucha à noite, para dormir, por nada. Tanto que batalhou para que ela se habituasse à chucha para ter um pequeno consolo que resultou, adora água, leite, tudo aquilo que a Dra. Ofélia insistia para que eu lhe desse, porque era bom para ela.
Adorei conhecê-la e nunca a vou esquecer e farei com a Teresa saiba quem foi a grande médica, que tanto lutou por ela, que percorreu quilómetros nos corredores do Hospital de Santa Maria, porque queria que determinado exame fosse feito por aquele médico/técnico específico, que a agraciava todos os dias de manhã com um sorriso, que nunca ia para casa sem "conversar" com ela, dizer-lhe !Até amanhã".
Até sempre Dra. Ofélia!
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