Serviço de Neonatologia do Departamento da Criança e da Família – Hospital de Santa Maria do Centro Hospitalar Lisboa Norte pioneiro na Introdução da Hipotermia Induzida para o Tratamento da Asfixia Neonatal
Apesar de constituir o fenómeno mais natural na vida de um ser humano, o nascimento pode ocasionalmente provocar danos mais ou menos importantes no recém-nascido, já que constitui sempre um processo que envolve um stress de maior ou menor intensidade.
Ao longo do tempo tem-se procurado evitar estas situações, melhorando o controlo das grávidas e da saúde do feto bem como as condições de assistência ao parto. Este esforço tem tido reflexos muito positivos nos indicadores de saúde, nomeadamente no nosso país.
Dentro das consequências menos desejáveis desse stress, a encefalopatia hipóxico-isquémica constitui uma das mais temíveis, pois acompanha-se por vezes, de consequências mais ou menos graves para o sistema nervoso central do bebé.
A encefalopatia hipóxico-isquémica é um quadro muito grave de asfixia neonatal, causada por complicações ocorridas ao nível da vigilância do trabalho de parto, do próprio parto ou da reanimação do bebé.
Em Portugal, estima-se que a incidência aproximada de casos de encefalopatia hipóxico-isquémica se situe num valor entre 100 a 400 casos por ano.
Diversas técnicas e medicamentos já foram testados para o seu tratamento mas, até agora, não foi comprovada a eficácia de nenhum deles na redução daquelas sequelas.
Procurando contribuir para a resolução deste problema, foi recentemente utilizada a hipotermia induzida, uma técnica inovadora, sem risco acrescido, que consiste no arrefecimento controlado da temperatura corporal do recém-nascido em risco, arrefecimento este que atinge os 33,5ºC durante 72 horas.
Nos últimos anos esta técnica foi testada em centenas de casos, principalmente no Reino Unido, sendo considerada como um procedimento de eficácia comprovada na diminuição, e por vezes na anulação, das sequelas da encefalopatia hipóxico-isquémica, desde que iniciada precocemente após o nascimento, de preferência até às seis horas de vida.
A literatura existente sobre esta terapêutica, baseada nos resultados preliminares de series já relativamente significativas, aponta para uma redução típica de um caso de sequelas neurológicas graves por cada seis recém-nascidos tratados.
Perante resultados tão promissores, a hipotermia induzida tem-se afirmado, desde 2008, como “standard of care” para o tratamento de recém-nascidos com encefalopatia hipóxico-isquémica no Reino Unido.
Em Portugal, dada a inexistência de terapêutica farmacológica eficaz, estes bebés eram, até muito recentemente, apenas tratados com a instituição de cuidados intensivos (terapêutica de suporte).
Em finais de 2009, e perante a evidência do real benefício da hipotermia induzida, a Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN) do Serviço de Neonatologia do Hospital de Santa Maria – Centro Hospitalar Lisboa Norte, decidiu iniciar a sua utilização em Portugal, procedendo à aquisição do respectivo equipamento e ao treino específico de médicos e enfermeiras.
De acordo com o Dr. Carlos Moniz, Director do Serviço de Neonatologia, este salto qualitativo foi possível porque no Hospital de Santa Maria já existiam um conjunto de áreas específicas da Especialidade de Pediatria (neurologia, nefrologia, doenças metabólicas e cardiologia, por exemplo) e outros equipamentos de apoio fundamentais (entre os quais, mencionamos a monitorização cerebral contínua e a ressonância magnética).
Nas palavras do Director do Serviço de Neonatologia, o Hospital de Santa Maria reúne hoje todas as condições para o cumprimento rigoroso dos protocolos associados à técnica, para além de ter capacidade para ser integrado em linhas de registo internacionais, sendo comparável a unidades europeias de referência nessa área.
«Não temos a mesma experiência, apenas tratámos quatro casos. Mas há sempre um início, vamos certamente ser confrontados com dificuldades, algumas alegrias e alguns insucessos. Mas isso faz parte da vida do Pediatra. Temos que ter um bocadinho de audácia, embora bem controlada, para podermos progredir. E temos conseguido muito bem, pois nas áreas da Neonatologia, Portugal é um dos países europeus com melhores taxas de mortalidade neonatal e somos considerados, pela Organização Mundial da Saúde, como referência para os países que não têm indicadores de mortalidade neonatal e perinatal ainda aceitáveis», concluiu o Dr. Carlos Moniz.
O primeiro recém-nascido, em Portugal, tratado com hipotermia induzida foi admitido na UCIN no passado dia 29 de Janeiro de 2010 e desde então, outros têm podido beneficiar deste tipo de tratamento.
Trata-se de bebés nascidos no Hospital de Santa Maria ou noutros hospitais mas que posteriormente foram referenciados com esta finalidade específica.
Para que a referenciação seja possível, os recém-nascidos devem preencher determinados critérios clínicos, pelo que nem todos podem ser submetidos a esta terapêutica. Além disso, o transporte deve ser efectuado em condições de hipotermia passiva (a temperatura corporal deve situar-se entre 34,5 e 35º C), o que implica uma preparação específica dos centros que referenciam esses recém-nascidos, assim como da unidade de transporte dos mesmos.
Em todos os casos atendidos no Hospital de Santa Maria tem havido um redobrado controlo destes doentes e, embora seja ainda muito cedo para fazer um balanço aprofundado dos benefícios desta terapêutica, pode desde já afirmar-se que a sua introdução em Portugal constituiu um avanço substancial nos cuidados prestados aos nossos recém-nascidos de risco.
Ao longo do tempo tem-se procurado evitar estas situações, melhorando o controlo das grávidas e da saúde do feto bem como as condições de assistência ao parto. Este esforço tem tido reflexos muito positivos nos indicadores de saúde, nomeadamente no nosso país.
Dentro das consequências menos desejáveis desse stress, a encefalopatia hipóxico-isquémica constitui uma das mais temíveis, pois acompanha-se por vezes, de consequências mais ou menos graves para o sistema nervoso central do bebé.
A encefalopatia hipóxico-isquémica é um quadro muito grave de asfixia neonatal, causada por complicações ocorridas ao nível da vigilância do trabalho de parto, do próprio parto ou da reanimação do bebé.
Em Portugal, estima-se que a incidência aproximada de casos de encefalopatia hipóxico-isquémica se situe num valor entre 100 a 400 casos por ano.
Diversas técnicas e medicamentos já foram testados para o seu tratamento mas, até agora, não foi comprovada a eficácia de nenhum deles na redução daquelas sequelas.
Procurando contribuir para a resolução deste problema, foi recentemente utilizada a hipotermia induzida, uma técnica inovadora, sem risco acrescido, que consiste no arrefecimento controlado da temperatura corporal do recém-nascido em risco, arrefecimento este que atinge os 33,5ºC durante 72 horas.
Nos últimos anos esta técnica foi testada em centenas de casos, principalmente no Reino Unido, sendo considerada como um procedimento de eficácia comprovada na diminuição, e por vezes na anulação, das sequelas da encefalopatia hipóxico-isquémica, desde que iniciada precocemente após o nascimento, de preferência até às seis horas de vida.
A literatura existente sobre esta terapêutica, baseada nos resultados preliminares de series já relativamente significativas, aponta para uma redução típica de um caso de sequelas neurológicas graves por cada seis recém-nascidos tratados.
Perante resultados tão promissores, a hipotermia induzida tem-se afirmado, desde 2008, como “standard of care” para o tratamento de recém-nascidos com encefalopatia hipóxico-isquémica no Reino Unido.
Em Portugal, dada a inexistência de terapêutica farmacológica eficaz, estes bebés eram, até muito recentemente, apenas tratados com a instituição de cuidados intensivos (terapêutica de suporte).
Em finais de 2009, e perante a evidência do real benefício da hipotermia induzida, a Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN) do Serviço de Neonatologia do Hospital de Santa Maria – Centro Hospitalar Lisboa Norte, decidiu iniciar a sua utilização em Portugal, procedendo à aquisição do respectivo equipamento e ao treino específico de médicos e enfermeiras.
De acordo com o Dr. Carlos Moniz, Director do Serviço de Neonatologia, este salto qualitativo foi possível porque no Hospital de Santa Maria já existiam um conjunto de áreas específicas da Especialidade de Pediatria (neurologia, nefrologia, doenças metabólicas e cardiologia, por exemplo) e outros equipamentos de apoio fundamentais (entre os quais, mencionamos a monitorização cerebral contínua e a ressonância magnética).
Nas palavras do Director do Serviço de Neonatologia, o Hospital de Santa Maria reúne hoje todas as condições para o cumprimento rigoroso dos protocolos associados à técnica, para além de ter capacidade para ser integrado em linhas de registo internacionais, sendo comparável a unidades europeias de referência nessa área.
«Não temos a mesma experiência, apenas tratámos quatro casos. Mas há sempre um início, vamos certamente ser confrontados com dificuldades, algumas alegrias e alguns insucessos. Mas isso faz parte da vida do Pediatra. Temos que ter um bocadinho de audácia, embora bem controlada, para podermos progredir. E temos conseguido muito bem, pois nas áreas da Neonatologia, Portugal é um dos países europeus com melhores taxas de mortalidade neonatal e somos considerados, pela Organização Mundial da Saúde, como referência para os países que não têm indicadores de mortalidade neonatal e perinatal ainda aceitáveis», concluiu o Dr. Carlos Moniz.
O primeiro recém-nascido, em Portugal, tratado com hipotermia induzida foi admitido na UCIN no passado dia 29 de Janeiro de 2010 e desde então, outros têm podido beneficiar deste tipo de tratamento.
Trata-se de bebés nascidos no Hospital de Santa Maria ou noutros hospitais mas que posteriormente foram referenciados com esta finalidade específica.
Para que a referenciação seja possível, os recém-nascidos devem preencher determinados critérios clínicos, pelo que nem todos podem ser submetidos a esta terapêutica. Além disso, o transporte deve ser efectuado em condições de hipotermia passiva (a temperatura corporal deve situar-se entre 34,5 e 35º C), o que implica uma preparação específica dos centros que referenciam esses recém-nascidos, assim como da unidade de transporte dos mesmos.
Em todos os casos atendidos no Hospital de Santa Maria tem havido um redobrado controlo destes doentes e, embora seja ainda muito cedo para fazer um balanço aprofundado dos benefícios desta terapêutica, pode desde já afirmar-se que a sua introdução em Portugal constituiu um avanço substancial nos cuidados prestados aos nossos recém-nascidos de risco.
A hipotermia induzida, largamente testada no estrangeiro, é considerada como um procedimento de eficácia comprovada na diminuição, e por vezes na anulação, das sequelas da asfixia neonatal, desde que iniciada precocemente após o nascimento.
A hipotermia induzida consiste no arrefecimento controlado da temperatura corporal do recém-nascido em risco até aos 33,5ºC durante 72 horas